
O mês de Outubro é lembrado na Igreja como o "Mês Missionário", e nossa paróquia, desde sua origem, foi confiada a uma congregação missionária: a congregação dos Missionários de São Carlos (Scalabrinianos). Mas devemos lembrar que existem diferentes maneiras de exercer a missionariedade, e me parece oportuno refletir com vocês qual o tipo de missão que Deus confiou aos sacerdotes que vieram para Santa Felicidade.
Logo após sua ordenação sacerdotal, João Batista Scalabrini apresentou-se ao bispo e pediu para ser enviado como missionário "nas Índias" ; ou seja, desejava partir para terras onde o cristianismo não era conhecido.
A resposta do bispo foi: "Tuas Índias estão na Itália".
O bispo entendeu que podemos e devemos exercer nossa missionariedade no lugar onde nos encontramos, e neste sentido foi um instrumento de Deus que tinha seus projetos: colocar João Batista Scalabrini num lugar da Itália onde os moradores eram obrigados a emigrar, fugindo da fome e do desemprego.
E teve esta intuição: "Não podemos dedicar nossos esforços missionários somente em favor dos que ainda não são cristãos; mas devemos também acompanhar os cristãos que se dirigem a outras terras, para que não percam sua fé." E assim nasceu a Congregação dos Missionários de São Carlos - Scalabrinianos, que teve como seu primeiro campo de missão a "Colônia Santa Felicidade", e desta forma nossa comunidade foi a primeira posição apostólica da Congregação. A presença dos missionários contribuiu muito para que em nosso bairro se mantivesse viva a fé em Jesus Cristo e a prática dos sacramentos, e aqui foi constituído o "Centro de Acolhida ao Migrante", que ainda hoje acolhe migrantes que chegam de diferentes partes do mundo. Nossa missionariedade em favor dos migrantes se desenvolve-se em 4 dimensões:
1. Cultivo da fé. Que o migrante não só conserve viva sua fé, mas a transmita aos outros migrantes e ao povo que o acolhe;
2. Cultivo da cultura. Os migrantes são convidados a manter suas tradições culturais e religiosas; mas, também, a aprender e a valorizar a cultura do povo que os acolhe, colaborando para o surgimento de uma sociedade multicultural.
3. Cultivo da esperança. Lembrar sempre e anunciar que todos, nesta terra, somos peregrinos. Não podemos nos apegar de tal forma às coisas da terra, que esqueçamos do chamado a chegar à Pátria definitiva do céu.
4. Valorização da comunidade. Ninguém pode realizar uma caminhada tão longa e perigosa, como a caminhada da vida, andando sozinho.